quarta-feira, setembro 15, 2010

Moradores do Castanheira assinam manifesto contra a violência no bairro

Dezenas de moradores do bairro do Castanheira assinaram na noite de ontem (14), um abaixo assinado pedindo providências à Polícia Militar do Estado para dar um freio ao crescente índice de violência que vem vitimando diversos pessoas do local e denunciando a omissão da PM, que se negou a comparecer à reunião com a comunidade, alegação tratar-se de um evento político.
Decepção e revolta. Esse foi o clima que marcou o encontro solicitado pelos moradores do bairro à vereadora Vanessa e que está candidata à deputada federal. Em reunião, que aconteceu em um bar/restaurante, a comunidade narrou à parlamentar os casos de violência e a ausência de policiamento que dê conta de resolver a questão.
A Polícia Militar foi convidada para participar da reunião. Na semana passada, após realizar caminhada no bairro e ouvir as demandas da população, Vanessa convidou e teve a confirmação da participação do Major Viana, Comandante da 5ª ZPOL, no encontro. Ontem, poucas horas antes, o Major ligou “justificando” sua ausência na reunião, informando que a PM não poderia participar de um ato político, sugerindo ainda o cancelamento da agenda.
“Eu ponderei. Disse que a agenda foi um pedido da população e em respeito aos moradores não poderia ser cancelada”, disse a vereadora, que manteve o encontro, mas, lamentou a ausência da PM. “Muito me entristece ter que reconhecer essa omissão, pois mesmo estando em campanha, sou vereadora de Belém, tenho um mandato e estou apenas atendendo a uma demanda da população cansada de tanta violência”.
Naquele local, onde a urbanização começou a chegar e algumas ruas receberam asfalto, quem não foi vítima conhece um parente ou vizinho que já sofreu uma agressão ou foi vítima de roubado ou assalto no bairro do Castanheira. A maior reclamação dos moradores diz respeito ao sistema de policiamento, que está restrito à área do Shopping na saída da cidade.
Para o morador Nilton Monteiro a situação é muito mais grave do que se imagina. Ele conta que muitas vezes, cansados de ver adolescentes na rua, até altas horas da noite, consumindo drogas, fazendo vandalismo e assaltando pessoas, se aproveitando da ausência da polícia, os moradores tem que se defender com as próprias mãos. “Aqui é uma área de risco. O crime não tem hora para acontecer e acontece em plena luz do dia”, disse.
Gilson Martins é morador do bairro há 15 anos. É comerciante, dono de um bar e restaurante. Ele dá “graças a Deus”, pois ainda não sofreu nenhuma violência, mas reconhece que a luta deve ser de toda a comunidade para sanar a questão. Segundo Gilson, essa é a primeira vez que os moradores têm a oportunidade de falar sobre esses problemas.
Gilson também lamentou muito a ausência da polícia nessa reunião. “A comunidade veio aqui para resolver junto com a PM essa situação”, afirmou. “Eu tenho esperança que mesmo antes das eleições, nós moradores, consigamos encontrar uma solução para os problemas vividos aqui e consigamos ter um pouco de paz”.
Após ouvir atentamente todas as reclamações dos moradores. A parlamentar preparou na mesma hora um manifesto expressando o descontentamento da população diante do acontecido. “Esse documento será encaminhado ao Comando da PM e ao Ministério Público para tomem as devidas providências sobre o caso”, disse a vereadora, que defende a implantação do Policiamento Comunitário no bairro, a fim de promover a interação entre a PM e a população. “A polícia precisa implantar aqui um sistema que funcione e que traga paz e segurança a essas pessoas”, concluiu.
Leia a íntegra do manifesto:

“Nós, moradores das passagens: Santa Odília, 23 de agosto, São Luis, São José, 2 de julho, Péricles Guedes, José Bonifácio, Álvaro Adolfo, Jarbas Passarinho, Boa Esperança, Aurora, Nilton Miranda , Senap e Euclides da Cunha, solicitamos, em caráter de urgência, que a Polícia Militar do Pará implante a Ronda Policial e Policiamento Ostensivo, considerando os constantes atos de violência contra nós: assalto à mão armada, tráfico de drogas, desordem pública e vandalismo.”

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